segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Negação // Verde e amarelo

Verde e amarelo não pagam as contas atrasadas
os juros do cartão de crédito
o bacon quase passado
comprado no Mundial
a batata doce orgânica
a Stella inflacionada.

Verde e amarelo não entopem os livros
não retorcem os gestos
não mudam o passado
nem esfacelam o presente.

Verde e amarelo não valem a camisa
que a CBF faz questão de surrar
após tantas glórias marcadas
em campos esverdeados
que agora só servem para cenário de selfies.

Verde e amarelo soam originais
quando encontram o vermelho
o sangue da carne tanto derramado
nas esquinas nas ruas
esburacadas nas celas
pelos catálogos de armas de Israel
que chegam nas favelas igual revista da Avon.

Verde e amarelo não enchem barriga de ninguém
que vive a bater panelas
porque a comida está congelada
à postos pra quando a barriga doer.

Verde e amarelo só serve pra rimar
com uma porta dois martelos
que a gente vai usar pra quebrar
o financiamento privado
em mil pedacinhos
e depois juntar de novo
como um Lego que
todo mundo pode brincar.


Verde e amarelo não são utopia.

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